Velha Amiga

Velha Amiga

É hora do jantar, estou sentada a mesa e na minha frente está minha velha amiga, a Escuridão. O prato principal foi ela mesma quem preparou. Diante de mim estão minhas inseguranças, meus medos, meus defeitos e minhas tristezas. Todos belamente arrumados em pratos e travessas de ouro. E para beber, não podia faltar uma boa taça de lembranças obscuras, que a muito tempo eu tento guardar no fundo da minha mente.
Eu juro que tento me levantar da mesa, mas a Escuridão me prende aqui. Com seu olhar morto ela me hipnotiza, me convida a ir mais fundo. A provar mais e mais da comida e quando percebo, já estou empanturrada. Penso em vomitar, mas sei que não vai fazer diferença, afinal isso tudo faz parte de mim. A própria Escuridão em si, é um pedaço de mim e ela está entranhada na minha pele, nos meus ossos e músculo, mas acima de tudo, ela está na minha mente.
Como lutar contra algo que faz parte de você? Como se luta contra um câncer?
Ah espere! Ela preparou uma sobremesa também. É um bolo, tão doce quanto suas promessas. E quando eu provo um pedaço dele vejo o esboço de um sorriso no rosto da minha velha amiga. Pois ela sabe que mais uma vez, eu estou em seus braços e totalmente rendida por suas promessas de liberdade.

Boa Noite. 

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