Eu vejo Unicórnios Mortos

Sinto sua falta Eu não queria escrever esse texto, não queria reviver aquela dor. Mas sinto que devo isso a ela, pelo tempo em que ela esteve comigo me amando sem pedir nada em troca. Hoje minha noite é tranquila, embalada pelo barulho suave da chuva. Há um ano atrás a história era totalmente diferente. Minha noite foi embalada por choro, tristeza, pesar e angústia. Era a madrugada do meu aniversário, mas era também as últimas horas que eu tinha com a minha amada amora. Quando o dia raiou eu tinha 23 anos e horas mais tarde eu tive que me despedir dela. Tive que sacrifica-la. Aquela madrugada foi a mais difícil e dolorosa da minha vida. Dar adeus a Amora foi a pior coisa que eu tive que fazer. Mas eu não quero que as memórias que eu tenho dela sejam marcadas por dor e tristeza. Então resolvi escrever esse texto pra me lembrar dos momentos bons. Amora adorava pão. Todo dia antes de ir trabalhar minha mãe deixava uma torrada pra mim em cima da mesa. Mas assim que ela saía, ...

Um ano, um mês e vinte e dois dias.  Eu faço terapia a um ano já. Pra ser mais exata, um ano, um mês e vinte e dois dias. Durante esse tempo todo eu tive boas e más sessões, tive as que passaram rápido e as que demoraram um eternidade, as que ri e às que chorei. De todas essas sessões existe uma que se sobressai. Foi logo no início, eu não lembro a data ou a roupa que estava vestindo. Mas lembro que estava chovendo. Lembro também que eu estava angustiada. Havia algo que precisava contar mas não queria. Eu não queria reviver algo que a muito tempo tentava enterrar. Mas o irônico é que quanto mais eu cavava a cova, mais angustiada eu ficava. E no fim eu tinha a sensação de que quando terminasse de cavar, aquela se tornaria a minha cova. Durante uma hora inteira eu fiquei enrolando, enquanto eu tentava trazer o foco pra problemas do cotidiano, uma voz na minha cabeça gritava comigo. - Fale fale fale fale fale fale fale fale. E eu dizia - Eu não consigo, sou fraca, por fav...